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Sou Contador ou Empresário Gráfico?

Thomaz Caspary ( In memoriam )

E se eu fosse um contador? Seria para mim frustrante ter cursado uma faculdade de ciências contábeis, ficando numa escrivaninha me preocupando com contas a pagar, receber, balancetes, ler novas regras no IOB ou publicações similares, enfim trabalhar só com números para posteriormente apresenta-los ao meu chefe, que certamente solicitaria para modificar isto ou aquilo. Eu teria uma sensação de impotência, de agonia pela incapacidade de ajudar meu “patrão” a resolver seus problemas.

Pois sabia você meu caro gráfico, que nas nossas empresas, acho que na verdade somos, na maioria, todos contadores. Passamos grande parte do nosso tempo diante de situações irreversíveis, examinando do porque o mês não deu lucro, se foi o processo de produção ou o pré-cálculo, se foram as más negociações de nosso departamento de vendas, enfim, procuramos os porquês dos porquês em uma série de relatórios e naturalmente sempre os culpados.

Passamos a vida toda registrando quanto foi que vendemos do mês, o lucro, as despesas, quanto comprou o cliente “tal”, qual a participação dos custos fixos... Tudo no passado, como um contador, registrando o que aconteceu. Contar, medir, somar, dividir ou multiplicar, é muito fácil.

Tirar conclusões, fazer brainstorming, elaborar cenários, definir os indicadores corretos, não é tão fácil assim. Eu me pergunto por que temos essa dificuldade em utilizar indicadores que reflitam a tendência dos negócios antes que “a vaca vá pro brejo?” Temos estes indicadores em nossos programas de gestão (Metrics, Calcgraf, E-Calc, Bremen, Zênite e outros), em revistas e jornais econômicos (Valor Econômico, DCI, Gazeta Mercantil, etc...) ou mesmo na seção econômica de nossos jornais diários. Por que essa incapacidade de encontrar indicadores que reflitam para onde vai - e não apenas de onde vem o negócio de nossa empresa?

Pegamos os números de nossos relatórios, transformando-os simplesmente em verdades, manipulados como se fossem absolutos, sem saber ao certo se estão corretos imaginando que as coisas são estáticas, esperando para ser medidas, da mesma forma como um contador anota e relaciona receitas e despesas.

Mas hoje em dia, o que está estático? Como capturar em números a complexidade de nossas vidas? Uma grande maioria, de nossos empresários torna-se tão bitolada pelos números, que perdem totalmente o seu bom senso e seus instintos. Felizmente ainda existem muitos empresários que se cercam de informações consistentes e gente com conhecimento de mercado, visitando feiras e congressos, participando de seminários e, portanto, não caindo nesta armadilha. Alguns gráficos tomam decisões baseadas em conselhos de colegas, no “ouvir falar” que dá resultado, etc... Tornam-se meros joguetes nas mãos dos hábeis manipuladores de números. Li outro dia um texto na internet, cujo autor desconheço, que mostra claramente como é importante para o nosso empresário, se informar e estar a par do que acontece no mundo dos negócios, passando informações para as gerações que o irão suceder. Diz o texto:

“Um calouro muito arrogante, que estava assistindo a um jogo de futebol, tomou para si a responsabilidade de explicar a um senhor já maduro, próximo dele, por que era impossível a alguém da velha geração entender esta geração. ” Vocês cresceram em um mundo diferente, um mundo quase primitivo “, o estudante disse alto e claro de modo que todos em volta pudessem ouvi-lo”.

“Nós, os jovens de hoje, crescemos com televisão, aviões a jato, viagens espaciais, celulares com TV, computadores, Ipod’s. Nós temos energia nuclear, carros movidos e dirigidos por computadores com grande capacidade de processamento e..., - numa pausa para tomar outro gole de cerveja. O senhor se aproveitou do intervalo do gole para interromper a liturgia do estudante em sua ladainha e disse”:

- 'Você está certo, filho. Nós não tivemos essas coisas quando nós éramos jovens... por isso nós as inventamos. E você, uma “buchinha” arrogante dos dias de hoje, o que você está fazendo para o seu semelhante e para a próxima geração?” '

Números transformam-se na trincheira da incompetência, da burocracia, da insegurança, do imobilismo, da aversão à inovação, da manutenção da rotina.E tem mais. Na época que estamos vivendo, principalmente com a evolução tecnológica vista na DRUPA 2008, nossas gráficas enfrentam um desafio inédito: o de ter que recrutar pessoas em um mercado aquecido. Gente tem, mas a falta de qualificação ainda deixa em aberto muitas vagas. Tente contratar um bom vendedor ou um bom chefe de impressão que além de conhecimentos técnicos tenha habilidades em RH.

Totalmente possuídos pelos números, saem os gráficos desesperadamente atrás de ISO 9000, TQS e outros programas da moda apoiados em números, que parecem ser a solução para todos os nossos problemas. Mas não percebemos que esses programas apenas garantem, a quem produz porcaria, a capacidade de continuar produzindo porcaria com qualidade assegurada e processo confiável, mantendo a baixa lucratividade da indústria gráfica.Não sabemos fazer análises dos números coletados.

Não bastasse a incompetência em estabelecer, o que medir continuamos contadores. Medimos o passado. Examinamos o que aconteceu, depois de acontecer. Meu caro gráfico, se você é um desses contadores, tome cuidado. No mundo dos negócios, o próximo estágio é o cemitério. Espero ardentemente que você não seja o defunto.

* Thomaz Caspary ( in memoriam ) foi Consultor de Empresas, Coach e Diretor da Printconsult Consultoria Ltda. (São Paulo - SP)




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