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Tipografia Digital - Caminho sem volta

Acabou-se o velho paste up e hoje a composição é muito mais rápida, podendo até sair da mesa do redator direto para a diagramação

Henrique Malzone

Estávamos em uma reunião de trabalhos quando meu amigo Paulo Addair começou a discorrer sobre os caminhos da impressão digital, sua evolução assustadora nestes últimos anos e os rumos que poderá tomar daqui em diante. É evidente que a impressão offset tradicional não deixará de existir, principalmente para grandes tiragens, por ser, até o momento, mais econômica. Porém, a impressão digital chegou para ficar e com força total. Acredita-se que nos próximos anos deverá atingir a marca de até 70% do total de impressos.

Eu já estava com o meu novo artigo pronto para entregar à redação, porém diante desses fatos comecei a pensar: “... e a nossa tipografia?”. Afinal, ela é o ponto de partida de qualquer trabalho gráfico. Resolvi, então, mudar o meu artigo para este número e viajar no tempo.

Definitivamente estamos em plena era digital. Os saudosistas que me perdoem, mas não há mais retorno. Concordo que em muitos trabalhos a velha tipografia existirá por algum tempo ainda, porém caminhando cada vez mais rápido para a nova era. A vantagem é muito grande: não há mais tipos deformados pelo uso, nem aquela enorme quantidade de gavetas para a guarda dos tipos, nem a desmontagem da composição e distribuição dos tipos pelas caixas. Ô trabalhinho chato! Hoje a composição é muito mais rápida, podendo até sair da mesa do redator direto para a diagramação. Acabou-se o velho paste up, a cola benzina, o estilete e o talco, assim como o glacê, o esquadro e a régua de montagem. Isso sem contar com uma infinidade de recursos que o novo sistema oferece e que não eram nem sequer pensados alguns anos atrás. Recursos que não existiam nem na composição a quente, nem na saudosa caixa de tipos. O corpo 12 “estourou” na linha? Fácil, modifica para 11,8 ou para 11,5 que ninguém vai perceber. Ou então, diminui o leading , que o kerning vem junto. Pronto, encaixou direitinho.

Num passo intermediário, os primeiros componedores a frio surgiram no início dos anos 1970 e reinaram até meados dos anos 1980. Eram um híbrido das máquinas de fotocomposição e as futuras máquinas digitais. Uma verdadeira loucura, pois cada uma delas, de cada marca diferente, tinha o seu sistema operacional e a sua própria linguagem de comando para se comunicarem com os equipamentos periféricos de saída. Embora trouxessem vantagens, também traziam grandes problemas. Nenhum desses primeiros comandos digitais lidava corretamente com a linguagem gráfica e cada um tinha o seu próprio formato de fontes. Com os primeiros computadores pessoais digitar um texto era um jogo de paciência e resignação. E os primeiros programas, então? Em alguns a gente tinha que digitar até 400 caracteres, salvar, colar no local da diagramação, deletar o texto na caixa de texto e novamente digitar mais 400 caracteres na sequência do texto, e repetir toda a operação sucessivamente, até o término do trabalho. Mais fácil montar relógios com luvas de boxe.

No final dos anos 1980 John Warnock e Charles Geschke desenvolveram a linguagem Post-Script, que gradativamente tornou-se o padrão da tipografia digital. Graças à inclusão da impressora Apple laser e do famoso Aldus PageMaker, aliados aos recursos do velho Mac, as sementes da moderna tipografia digital foram lançadas. Com o surgimento das impressoras de alta-definição (600 X 1.200 dpi), as velhas impressoras do sistema impressão-cópia-paste up-montagem-fotolitos foram abandonadas. O próximo passo seria a eliminação do próprio fotolito e hoje o sistema Computer-to-Plate (direto do computador para a chapa de impressão – CtP) já é uma realidade. Se no sistema offset ainda se usam chapas de impressão, no sistema digital elas já não são mais necessárias, com o trabalho indo direto do computador para a impressora.

Atualmente, embora ainda predomine a linguagem Post-Script, existe também uma grande variedade de formatos como o Type-One, True-Type, o True-Type GX, sem contar com o novíssimo Open-Type, além das plataformas Mac e Windows trabalharem com as mesmas linguagens. E ainda não citei o potentíssimo Adobe InDesign. Aqui faço uma ressalva e um pedido pessoal à Adobe: o sistema ATM, que organiza as fontes EPS e Type-One só existe para rodar em 32 bits. Isso me fez perder um enorme número de fontes lindíssimas e que não existem em Open-Type. Convenhamos que hoje é quase impossível trabalhar com qualquer programa gráfico em 32 bits. Quase todos nós já migramos para 64 bits. Dona Adobe, será que a senhora não daria um jeitinho de desenvolver o ATM em 64 bits também? Talvez até em 128 bits, se for pedir muito? Milhões de usuários pelo mundo inteiro ficariam muito felizes e cada vez mais fiéis à sua marca.

Continuando. As fontes no sistema digital são desenhadas pelo contorno, externo e interno, e podem ser aplicadas em qualquer tamanho. Com a pureza dos traços e a alta definição tornou-se possível o desenvolvimento de faces tipográficas com traços extra-light, mais finos e mais elegantes, sem a perda de definição e sem fechamento dos olhais internos dos caracteres por entupimento com tinta. Além disso, os arquivos de fontes em CD-Rom vieram facilitar bastante a nossa vida.

Existem diversos programas para o design de tipos, sendo o mais indicado hoje o FontLab ( por volta de US$ 1.000). Apesar do precinho salgado para a maioria dos bolsos, acredito que haverá sempre breve retorno para quem quiser dedicar-se ao design de tipos. Existem, ainda, programas free download, como o velho Macromedia Fontographer, meio complicado de se usar, mas que proporciona resultados magníficos.

Para finalizar, devo salientar que o futuro só é possível se tiver um passado sólido, bem estruturado. Se os sistemas e as máquinas mudaram, ou até mesmo os meios de leitura, com os iPads, os e-books e os vídeos, as regras da boa diagramação continuam as mesmas, praticamente imutáveis. Tentativas de mudanças são feitas aqui e acolá, mas o bom-senso prevalece e se volta ao princípio. São séculos de estudos cuidadosos para proporcionar uma leitura agradável e estimulante. Nada mais aborrecido do que ler um trabalho mal projetado. Estude com capricho. A vantagem é só sua. Até a próxima.

Fonte: http://www.professionalpublish.com.br/?id=77,1,view,2,14984,sid - Acesso em 2 de dezembro de 2012.




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